16/07/2011

Dupla Chitãozinho & Xororó comemora 40 anos de carreira

Sertanejos gravam DVD com a Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP

Ao contrário de um certo Coronel Aureliano Buendía, figurão do clássico "Cem Anos de Solidão", que conheceu o gelo ao lado do pai num momento especial daquela tarde remota; a dupla Chitãozinho & Xororó foi apresentada à neve, no Sul do País, num instante penoso da carreira artística. Pela primeira vez, naquela noite, os irmãos pensaram em encerrar a cantoria. "Estávamos no fundo do poço! Não tínhamos dinheiro nem para chegar em São Paulo", conta Xororó. Insistiram. No ano em que a dupla continua a celebrar os 40 anos de estrada, lembrar tal episódio a Xororó não é tão mais dolorido. O sucesso o ajudou a superar.

Antes de tratar do repertório do show, faz-se necessário passar por uma pergunta-clichê ao meio artístico. Por exemplo, aquela que interroga sobre a receita de manter uma dupla sertaneja em sucesso há quatro décadas. Xororó encara a questão com bom humor. "Nunca foi muito difícil. Sempre fizemos e cantamos o que gostamos", tenta chegar à resposta. Completa e se dá por satisfeito, em tom amistoso: "Nunca almejamos ao fim o sucesso, mas a qualidade no trabalho". Após tal pensamento, fica até difícil saber do cantor onde ainda quer chegar com a dupla. Tenta fazer poesia. "Queremos realizar sonhos sem sonhar...".
Na leva do número de décadas de carreira da dupla, Xororó pensa para escolher quatro músicas da trajetória que não podem passar em silêncio durante os shows. Cita "Fio de Cabelo" (" a principal delas. Vendemos 1,5 milhões de cópias com esta música. Ela briu as portas para música sertaneja, que era vista com maus olhos", conta), "Evidências" ("a música mais cantada dos karaokês"), "Fogão de Lenha" ("assino a composição desta canção com Carlos Colla e Maurício Duboc, em que faço uma homenagem a meu pai") e, vê-se num dilema, ao se dividir entre "Galopeira" e "60 dias apaixonados". Esta última, "foi nosso primeiro sucesso. O pontapé inicial".

Apesar das prediletas, a plateia não deixará de escutar "Nascemos para Cantar", "Deixei de ser cowboy por ela", "Brincar de ser feliz", "Vai pro inferno com seu amor", "Alô", entre outras. Soma-se a elas, composições recentes que, sem dúvida, exprimem a estética da dupla em misturar gêneros musicais. Anteriormente, fizeram isso ao gravar "Majestade, o Sabiá", com Jair Rodrigues. "Música para gente sempre foi isso. Desde pequeno, ouvíamos música caipira e as canções regidas pelo maestro Paul Mauriat. Além disso, o povo gosta", avalia. Da no safra, destaque a "Vida Marvada", gravada ao som do hip hop do rapper Cabal. "Com a música, ganhamos um Grammy".

O termo "sertanejo universitário" não incomoda Xororó. Pelo contrário,  o cantor o escuta como renovação. "Sempre incentivamos. O importante é trabalhar". Para ilustar a opinião, lembra-se de uma frase dita pela jornalista Glória Maria: "Quando nasce mais uma estrela o céu fica bonito". Aliás, como parte das comemorações de 40 anos, os irmãos gravaram os DVDs: "Chitãozinho & Xororó 40 anos entre amigos" (com participação de Rio Negro & Solimões, Roberta Miranda, Zezé di Camargo & Luciano, Leonardo, entre outros) e, claro, "Chitãozinho & Xororó 40 anos Nova Geração". Neste último, provando a resposta, a dupla canta ao lado de quem começa, entre os quais Luan Santana, João Bosco & Vinicíus, Zé Henrique & Gabriel, Jorge & Mateus e Michel Teló.

Trilogia
A fim de completar a trilogia de DVDs, a dupla tem novo projeto em vista. Desta vez, "Chitaõzinho & Xororó 40 anos Sinfônico". A gravação está marcada para 1º de agosto, na Sala São Paulo (SP). Em companhia da Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP, os irmãos cantam ao lado de quem sempre quiseram. Todo entusiasmado, Xororó lembra de Caetano Veloso ("Céu de Santo Amaro"), Djavan, Jair Rodrigues ("Majestade, o Sabiá") Alexandre Pires, Fafá de Belém ("Nuvem de Lágrimas") e Fábio Júnior ("Fogão de Lenha").


 











 
Fonte - Em cena

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