10/07/2010

Cantoria para atrair peixes

Pescaria com a dupla Chitãozinho e Xororó - Foto: Reprodução/TG


Chitão e Xororó tentam convencer, na voz, pacus e tambaquis a cair no anzol.

No Terra da Gente deste sábado, comandado pela repórter Helen Saconni, um dia de pescaria com uma das duplas sertanejas mais importantes do Brasil: Chitãozinho e Xororó. A aventura atrás dos peixes é num lago, localizado numa fazenda em Santo Antônio de Posse, há cerca de 150 quilômetros da Capital paulista. Antes dos convidados chegarem a equipe do programa resolve fazer um teste e confirmar se realmente a propaganda sobre o quanto o lago é rico em peixes procede.. E não deu outra, na ponta da linha aparecem os pacus e grandes tambaquis. Mas quando a dupla de cantores chega, os peixes perdem a fome. Enquanto eles não vêm, a espera é animada por muitos causos e, claro, música. Chitãozinho e Xororó cantam um grande sucesso da dupla – “Fogão de Lenha” (Carlos Colla, Xororó e Maurício Duboc) para tentar atrair os peixes. Enfim, eles aparecem!! A dupla sertaneja também dá uma dica para a hora do rancho, uma receita de peixe assado ao molho de manteiga e ervas.
Programa 617 - Chitãozinho e Xororó
Teste para a pescaria
Imagine um lugar bem perto de casa, com vegetação farta, um lago repleto de peixes e espaço para receber amigos e escutar boa música. Encontramos este paraíso no interior de São Paulo. Fomos a Santo Antonio de Posse, há cerca de 150 quilômetros de São Paulo.
Este lugar será o palco do nosso encontro com uma das duplas sertanejas mais importantes do País, Chitãozinho e Xororó. Mas antes nós vamos fazer um teste e quem nos ajuda é o Ronaldo Romão, mais conhecido como Mineiro, funcionário antigo da fazenda.
Com espaço delimitado do lago, o caminho, claro, é rápido. Mas como em toda boa pescaria, aqui também tem uma estratégia para pegar os peixes: na ponta da linha, Mineiro indica uma isca especialmente preparada com ração e esterco de galinha. É isso mesmo! E o guia trata o assunto com a maior naturalidade! Mais: ele afirma estar acostumado com o cheiro, já que também tem que lidar com o cocô de vaca. Tudo bem... se é para fisgar bons peixes, vamos lá!
Como os bichos costumam comer a ração na superfície, nossa repórter, Helen Sacconi, começa a brincadeira usando uma bóia. A idéia é que ela ajude a ver a fisgada. Não demora muito e Mineiro indica que tem peixe na linha da Helen. Alarme falso. Não foi dessa vez. Mas valeu para treinar...
Helen aposta com o guia que o próximo peixe vale um boné do Terra da Gente... A segunda chance vem ligeira! Um pacu-amarelo. Com resultado positivo, repetimos a estratégia.
E um pouco mais de ração vai para água. Por causa do movimento, os bichos não voltam a aparecer. O guia, como bom mineiro que é, resolve contar uns causos. E a primeira história só podia ser de fantasma.
Ele conta que na beira do lago, durante a noite, tem assombração. Uma noiva, no dia de seu casamento a caminho do altar, caiu da charrete e morreu. Desde então, nesse dia, dizem que uma noiva toda vestida de branco sobe até margem do lago, na altura da pedra branca.
Mineiro confessa que tem medo, mesmo sem nunca ter visto a assombração. E que não gosta de aparecer de noite perto do lago.
E não é só pelos causos que o mineirinho provoca riso. Na hora de lançar a carretilha... Mineiro joga a isca e encabela tudo.
É... a prosa está boa, mas cadê os peixes?? Mineiro lança, mas a linha arrebenta depois de fisgar uma pedra.
Para compensar a perda, vem outro na seqüência. E é maior que o primeiro peixe.
Helen aproveita a hora e logo vem outro. Dessa vez um tambaqui.
Ela toma um banho. A força do bichão é tamanha que até quebra o equipamento, quebra a vara... Ele pesa mais de 6 quilos. E até bate o rabo na lente.
Enquanto Mineiro fica nos causos, Helen traz mais peixe. Um grandão belisca a isca. Esse é a mistura do tambaqui com o pacu.
Hora da verdade
Depois de tomar banho de tambaqui, pegar muito peixe e provar que o lago está realmente preparado para receber convidados tão especiais, chegou o grande momento do programa: encontrar a dupla sertaneja Chitaozinho e Xororó para uma pescaria. Mineiro nos acompanha para preparar a isca. No comando da embarcação, Alexandre Bafero será o guia.
Moradores da região de Campinas, no interior de São Paulo, Chitãozinho e Xororó já conheciam a fazenda. Mais que isso: os peixes também. Apesar da afinidade do Xororó, é o Chitão quem mete a mão da isca de esterco primeiro.
Tudo pronto, elas lançam as linhas. Com Sol forte do fim da manhã, os bichos ficam ariscos. Mas na companhia desta dupla, até a espera é prazerosa. Este ano, Chitãozinho e Xororó completam 40 anos de carreira. Enquanto o peixe não morde a isca, entendemos melhor porque eles são tão queridos no País.
Chitãozinho conta que na época em que começaram a carreira, havia uma dificuldade muito grande, porque o estilo sertanejo não aparecia na mídia. E diz que eles tiveram o privilegio de ser a primeira dupla a tocar em FM. Sucesso em 82, a musica Fio de Cabelo foi a que projetou a dupla. Como começaram muito cedo a cantar, aos 15 anos gravaram o primeiro disco.
E, de lá pra cá, muita coisa aconteceu. Renovaram o estilo, com o sertanejo universitário, que é mais animado. Idem com publico. “E agora esta acontecendo tudo de novo. Uma prova que a música sertaneja continua no ouvido e no coração dos brasileiros”, diz Chitão.
E não é só isso. Segundo eles, o público jovem também está curtindo mais as músicas sertanejas de antigamente. “A gente foi envelhecendo e eles foram renovando. O mais legal é isso. A gente com quarenta anos de carreira tá aí juntamente com essa nova safra da música sertaneja”, comenta a dupla. “Isso aconteceu muito no rock. Hoje os caras são os pais, só que os filhos tão lá curtindo e os pais vão junto. É a mesma historia da sertaneja”.
Voltando à pescaria, insistimos nos lançamentos. Apesar do resultado não aparecer na nossa embarcação, a dupla ressalta que a pesca faz parte da história deles. Mas fazem uma ressalva: não era com sofisticação assim não. Era com varinha de bambu ou, no máximo, uma canoinha com reminho de pau.
Xororó lembra até as técnicas usadas pelo pai, quando ainda moravam no Paraná. “A gente fazia aquelas armadilhas na garrafa, lembra? Na garrafa de champagne para pegar lambari e pegava muito! É muito divertido”, explica.
A conversa está muito boa, mas cadê os peixes gente?
Tentativa derradeira
Começam as desculpas de pescador. É quando Xororó tem uma grande ideia: se cantarem uma moda pros peixes quem sabe eles não aparecem?
Caminhando pela lateral do lago, ensaiamos desculpas para dar aos amigos. Antes da música, uma última tentativa, do barranco mesmo! “Pescador é assim, a gente falou que ia parar, mas disseram que tinha peixe aqui!”
Agora experimentam a isca de salsicha e Chitãozinho percebe mais ação. Que logo vai embora. Ele perde o peixe. “O que sobrou aí da minha salsicha e do meu anzol?”. É hora de mudar de estratégia!
Bom, se é carícia com moda de viola que esses peixes estão querendo, é chegada a hora. No final da terceira música, Helen brinca que se ela fosse peixe, já estaria colada no barranco. E voltam para a pescaria. Para isso, oferecem um banquete de iscas: salsicha, ração com esterco, carambola... tudo! O dono da fazenda aparece para ensinar a melhor técnica. O negócio é paciência.
Até que enfim, uma nova dupla surge no programa. Helen e Xororó fisgam um dublê. Ufa! Foi difícil, mas o desafio valoriza ainda mais a conquista!
Na Hora do Rancho
Nossos ilustres convidados se aventuraram também na cozinha. Preparam um delicioso tambaqui assado com manteiga de ervas, receita do Chef Eulâmpio Vianna, para fechar o maravilhoso dia de pescaria. Confira!
Tambaqui assado servido com manteiga de ervas

Ingredientes:
1 tambaqui (mas pode ser também pacu, dourado ou carpa com mais de 5 kg)
1 kg de sal para untar
1 rolo de papel alumínio

Como fazer:
Limpe o peixe tirando apenas as vísceras e lave bem.
Passe o sal em toda a escama do peixe. Além de dar sabor, isso faz com que o couro do peixe não grude no papel alumínio.
Cubra o peixe com o papel alumínio e leve ao forno já aquecido. O peixe deve assar por 1 hora em fogo alto.

Manteiga de ervas
Ingredientes:
2 cebolas picadas
1 cabeça de alho picado
1 talo de alho poró em rodelas
1 maço de endro dill
1 ramo de alecrim
1 raiz média de gengibre ralada
250 ml de saquê
250 ml de azeite extravirgem
300 g de manteiga em pequenos pedaços
1 maço de cheiro verde picado
sal a gosto

Como fazer:
Em uma panela, derreta uma colher de manteiga e frite o alho e a cebola até amaciar. Em seguida acrescente o alho poró, o endro dill, o alecrim e o gengibre e frite até murchar os ingredientes. Para colocar o saquê, tire a panela do fogo para evitar acidente.
Devolva a panela ao fogo e quando ferver junte a manteiga e o azeite. Logo que aquecer novamente coloque o cheiro verde e o sal, e desligue o fogo.

Dicas:
A melhor maneira para descobrir quando o peixe está assado é observar quando as escamas ficam brancas e arrepiadas. Este é o melhor ponto. Retire do forno e, com a ajuda de mais uma pessoa e várias espátulas, coloque o peixe em uma travessa para servir.
Com uma faquinha de serra descole o couro do peixe cortando pelas laterais, assim fica mais fácil retirar todo o couro. Já no lado de baixo isso não é necessário. Com um pegador sirva a carne e regue com o molho ainda quente. Para acompanhar, arroz à grega ou branco.


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