Pra ficar na história
A expectativa era de um concerto especial. Um dos intérpretes de Bach mais reconhecidos no mundo, o pianista e maestro João Carlos Martins, se apresentaria ao lado uma das duplas mais importantes da história da música sertaneja, Chitãozinho e Xororó.
Apesar das imensas expectativas, quase ninguém imaginava que a apresentação pudesse alcançar a grandiosidade que alcançou. Foi um patamar acima do especial.
O espetáculo aconteceu na Sala São Paulo, um dos principais locais da capital paulista no qual grandes orquestras se apresentam. Tudo muito bonito, destinado a um público de classe mais alta. Os ingressos mais baratos custavam R$ 100, e os mais caros, R$300.
Era difícil distinguir, entre os quase 1500 presentes (lotação máxima), quem estava ali pelo maestro, pela orquestra (Orquestra Bachiana Filarmônica) ou pela dupla. O que se pôde verificar é que, durante as primeiras músicas, a postura formal tomou conta do público, que assistia atentamente ao espetáculo em silêncio.
Era interessante ver, principalmente no início da apresentação, as feições mais sérias dos irmãos. Após quase 40 anos cantando, com quase 40 milhões de discos vendidos e tendo feito shows para plateias de todos os tamanhos, estavam eles, em cima de um palco, sob o olhar de 1500 pessoas supostamente mais críticas, mais acostumadas com a perfeição da música erudita. Atrás deles, a Orquestra Bachiana Filarmônica e o maestro João Carlos Martins.
Os protocolos começaram a ser quebrados com “Fio de cabelo”.O público não resistiu ao maior sucesso da dupla, que já mais solta sobre o palco, pedia para que a plateia cantasse junto, tal qual um show normal em alguma festa de peão.
Um dos momentos mais marcantes da noite aconteceu antes da primeira canção interpretada por Chitãozinho e Xororó. Emocionado, Xororó contou que 40 anos antes, sua família desembarcava, vinda do Paraná, na Estação da Luz, que fica exatamente ao lado da Sala São Paulo.
A canção mais ovacionada foi, disparadamente, “Se Deus me ouvisse”. Além da beleza da canção e do sucesso que ela fez há mais de vinte anos, sua marca principal é a parte final, na qual o Xororó abusa de sua voz em tons altos, sem nenhum escorregão sequer.
É difícil repassar através de um texto toda a emoção que marcou o evento. Por mais que se esperasse algo de muita qualidade, o resultado final superou a expectativa de qualquer pessoa que se encontrava ali naquela apresentação.
A maior alegria de ter podido presenciar o evento, é saber que um trecho da história da música sertaneja foi escrito aquela noite.
Logo após a apresentação, falei com Xororó no camarim, que respondeu sobre sua preparação para o espetáculo. Para quem quiser ouvir a declaração dele, pode usar o tocador abaixo.
O texto da cobertura publicado pelo UOL ontem, escrito por mim, repercutiu entre os leitores daqui, que me escreveram dizendo coisas das mais gratificantes.
Como aqui posso falar com em tom um pouco menos formal, repito o que escrevi no título: foi uma apresentação para ficar na história.
Aos que perguntaram, o espetáculo foi filmado, sim, havia toda uma equipe de cinegrafistas por lá, mas (ainda) não há a informação de que ele será lançado em DVD ou exibido por alguma emissora.
Os dois vídeos completos publicados até agora podem ser vistos aqui, mas fiz questão de registrar um trecho só para que vocês pudessem ter ideia de como foi o encerramento. No vídeo abaixo, tem o finalzinho da última música, o bis de “Fio de Cabelo”, seguido de 1:20min de aplausos.
Fonte - Universo Sertanejo
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